Na época, Ariano se empenhava para colocar em prática o projeto batizado de A Onça Malhada, a Favela e o Arraial, uma iniciativa para levar para os quatro cantos do estado (das periferias das cidades aos rincões do sertão) suas célebres aulas-espetáculo, palestras que por anos fascinaram os brasileiros. Se o escritor já há muito lotava os auditórios em que passava, aos 80 anos ele pretendia convidar o povo simples, “do Brasil real”, para o escutar embaixo de uma lona de circo, acompanhado de bailarinos e músicos. “Sou um pouco ator, como todo professor deve ser”, justifica o “pai” de Chicó e João Grilo, personagens de sua mais célebre obra, O Auto da Compadecida.
Formado em direito e filosofia, ele lecionou durante 32 anos na Universidade Federal de Pernambuco. Em 1999, assumiu a cadeira de número 32 da Academia Brasileira de Letras e, em 2002, foi homenageado pela escola de samba carioca Império Serrano. “Não vi diferença entre as duas honrarias”, afirma. Ele faleceu em 23 de julho de 2014, depois de sofrer um AVC hemorrágico, aos 87 anos de idade.
Nesta entrevista, concedida em seu casarão do século 19, localizado às margens do rio Capiberibe, no Recife, o criador de histórias como O Santo e A Porca, entre tantas outras que têm o Nordeste como inspiração, falou como se tornou um grande leitor e escritor, comentou a situação da Educação brasileira e disse quais estratégias usava para dar boas aulas desde os 17 anos. Confira e mate as saudades: